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lyrics
Quem Dera a Musa Ser Eu
Aline Frazão
Quem dera à poesia dar conta desse nó,
desse “nós” dorido
Quem dera o mar enchesse o vazio
Ah, quem me dera a mim, quem me dera dar o inverso
em grego ou lingala os versos de quem fala o seu
Quem dera a musa ser eu, sereno céu austral
Da contradição nasceu quem me deu a canção,
quem me deu a canção sabe
Que é privilégio aquilo a que chamam de tacho
Que é sempre por um fio, mas nunca me encaixo
E eu canto só metade daquilo que acho
Pedaço de macho, rei de vestido
Que é um direito aquilo a que chamam progresso
E é bem menor que o mínimo que eu mereço
Que é para resistir que eu não obedeço
Não venço mas rasgo esse rio
Quem dera uma rainha para descontar nesse mal,
esse mal escondido
Quem nos dera hoje Nginga, oyo!
Ah, quem me dera ser, quem me dera dar-te a Leba
Quem dera a musa ser eu, musa de mim, usa-me sim,
que esse lugar é teu
É privilégio aquilo a que chamam brilhante
É sempre um quase, e quase sempre um breve instante
Eu canto as musas tortas que nunca merecem
Nem nunca desejaram sê-lo
Quem dá o dobro mas nunca perde o compasso
Quem se despeja inteira num mar de cansaço
É mais pesado o salto com nervos de aço
E ainda assim o voo é lindo