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Cal​í​ope

by Calíope

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1.
Ondine Joana Alegre Criatura dos repentes E relentos norte Solta e volta sempre forte Nas marés de enchio Fecha os olhos num sorriso De aberto embate Vive assim eternamente No canto da sorte Só quer provar da água do mar Sabor do sal na língua do ser Como uma onda que vai e vem A sua morada é de quem a tem Corpo de ar e voz de espuma Assim cantava ondine De energia dentro afora Se fazia ouvir Essa melodia tão secreta e antiga Do sagrado bem guardado Em cada mulher Só quer provar da água do mar Sabor do sal na língua do ser Como uma onda que vai e vem A sua morada é de quem a tem E em cada uma de nós Ondula ondine força de onda Repentina, gigantesca Como a liberdade Se algum dia numa praia Ouvires o seu refrão Saberás de cor cantar A nossa canção Tão real como o desejo de viver melhor Quero provar da água do mar Sabor do sal na língua do ser Como uma onda que vai e vem A minha morada é de quem me tem Pede me a alma dou-te o meu mundo Feito de riso e choro profundo Mas tem cuidado Dispersa em tudo Átomo, vento, eu não me agarro Sou grão de areia e lua cheia Mas o que mais queria era ser inteira
2.
Cair em Mim Joana Espadinha Cumprimento o espelho porque tem de ser Visto-me a preceito tristeza a condizer É só mais um dia, eu volto à alegria se quiser Vivo num enredo que não pude escolher Vou p’ra cama cedo com pressa de esquecer É só mais um dia mas e se agonia não ceder? Lavo bem os olhos, sento-me à janela, penso no que poderei ser Busco em pensamentos algo que me possa aquecer Eu vi, que tenho a vida inteira para criar Ainda vou a tempo de sonhar Só tenho de perder-me até cair em mim Choro no teu ombro, às vezes tem de ser Ergo-me dos escombros sou dura de roer Hoje é o dia em que volto a ser aquilo que quiser Será que me amas ou é porque tem de ser? Sem equidistância eu nunca vou saber É só mais um ano, no plano de voltar a ser mulher Corro pela casa, lavo bem a cara, penso no que poderei ser Busco em pensamentos algo que me possa aquecer Eu vi, que tenho a vida inteira para criar As horas não se contam para trás Só tenho de perder-me até cair em mim As horas não se contam assim para trás É preciso rasgar para ver o fim
3.
Letra: Se o teu peito de homem esconde garra de poeta Deixa que ela rasgue A poesia mais concreta Se escreves e as palavras Põem sal em carne viva Conta a tua história Põe o dedo na ferida E se acaso o teu desejo Te enreda como sereia Despe o fato apertado Faz do corpo a tua estreia Há vozes que não se calam Vai e não lhes dês ouvidos Há mil formas de ser gente Seres dois não é castigo Pois cada ser que cria Se inventa como quiser Hoje esquece o corpo estreito Ganha forma de mulher
4.
Letra: Foco em mim desfoca o resto Desfoca quem diz que não presto Que eu nasci já a saber O que é que vim cá fazer E já não ouço opiniões que se acham definições Não sou vassala de sistemas Que mais parecem prisões Ora sou muito nova Muito miúda Ora sou muito mãe, muito mulher Tenho falta de estrada Ou já passei do prazo Devia ficar-me por escrever Mas eu só não vou Ai eu só não vou Ai eu só não vou onde eu não quiser Ai eu só não vou Ai eu só não vou Ai eu só não vou onde eu não quiser Ai eu só não vou Ai eu só não vou Ai eu só não vou onde eu não quiser Ai eu só não vou Ai eu só não vou Ai eu só não vou onde eu não quiser Foco em mim Desfoca o resto Desfoca quem diz que não presto Que eu dou o corpo ao manifesto Enquanto eles ficam a ver E já não ouço opiniões que se acham definições Não obedeço a narrativas Feitas a duas dimensões Ora sou muito gorda Ora estou muito magra Não sou bem o que querias ver Ora sou muito feia Ora muito bonita Há sempre maneiras de eu perder Mas eu só não vou Ai eu só não vou Ai eu só não vou onde eu não quiser Mas eu só não vou Ai eu só não vou Ai eu só não vou onde eu não quiser Ai eu só não vou Ai eu só não vou Ai eu só não vou onde eu não quiser Ai eu só não vou Ai eu só não vou Ai eu só não vou onde eu não quiser Foco em mim desfoca o resto Desfoca quem diz que não presto Que eu não quero nem saber Se vale mais fingir que ser E já não ouço previsões, receitas nem direções Não perco tempo com esquemas Não sei caber em chavões Ora sou muito banal Ou pouco comercial Não sou bem o que querias vender Ora sou muito isto Ora sou muito aquilo Daquilo que bem me apetecer E eu só não vou Ai eu só não vou Ai eu só não vou onde eu não quiser Mas eu só não vou Ai eu só não vou Ai eu só não vou onde eu não quiser Ai eu só não vou Ai eu só não vou Ai eu só não vou onde eu não quiser Ai eu só não vou Ai eu só não vou Ai eu só não vou onde eu não quiser
5.
Qual é Coisa Qual é Ela Luísa Sobral Qual é coisa qual é ela Que se sente sem se ver Qual é coisa qual é ela Vem só a seu bel prazer E parece vir do ar Mas não é um avião E desce sobre nós Sem ser precipitação Qual é coisa qual é ela Que nos faz angustiar Quando passa o tempo e ela Teima em não querer regressar E vem a qualquer hora Em qualquer dia ou lugar Há dias em que se demora Outros que a vemos só passar E vive em cada folha Em cada pessoa Em cada pôr do sol Qual é coisa qual é ela Que é ouvida sem falar E um poeta ou pintor Só o é se ela deixar E não, não é o amor É a razão de haver canção Qual é coisa qual é ela Só pode ser a inspiração
6.
Afrodite Joana Machado O meu sangue menstrual Os meus seios, ancas, coxas, longos cabelos O meu rosto liso, pés delicados A minha boca sempre afoita e perto do meu coração *Ficam no espelho, na gaveta, no elevador Ficam no espelho, na gaveta, no elevador Quando escrevo, quando canto, quando ouço Dentro de mim orquestras, dissonâncias, ritmos tribais A criação não me inclui Mulher, é isenta Sou um ser humano Que dança escuta chora ri Às gargalhadas, diz palavrões E gosta do prazer
7.
Musa Ana Bacalhau Ela soprava-lhe ao ouvido as histórias que sonhava quando a noite acabava E esperava um carinho só que ele ocupado ouvia pra escrever o que sonhara Dizia que sem os seus preciosos cantos não conseguia produzir Que eram os sonhos dela que o levavam a fazer histórias, mas sem nunca o referir E as histórias corriam mundo a contar como o poeta cortejava a sua amada Todos lhe teciam loas pela forma tão cuidada como o poeta se expressava Que nas suas vidas tristes o melhor que acontecia era a sua poesia Mas enquanto isso ela que sonhara tudo aquilo se quedava ali sozinha Musa, ai, musa, ai, musa de quem é a história Será de quem sonha Será de quem escreve Será de quem ama sem que nunca tenha amor Tantos cantos sussurrou que um dia ela pensou se não seria capaz De escrever ela uma história que tivesse lá por dentro o amor desse rapaz Foi então que ela, musa Por amor se levantou E se deitou a criar Uma música de amor A que foi chamar canção E que aqui vos vou cantar Musa, ai, musa, ai, musa De quem é a história Será de quem sonha Será de quem escreve Será de quem ama sem que nunca tenha amor
8.
Quem Dera a Musa Ser Eu Aline Frazão Quem dera à poesia dar conta desse nó, desse “nós” dorido Quem dera o mar enchesse o vazio Ah, quem me dera a mim, quem me dera dar o inverso em grego ou lingala os versos de quem fala o seu Quem dera a musa ser eu, sereno céu austral Da contradição nasceu quem me deu a canção, quem me deu a canção sabe Que é privilégio aquilo a que chamam de tacho Que é sempre por um fio, mas nunca me encaixo E eu canto só metade daquilo que acho Pedaço de macho, rei de vestido Que é um direito aquilo a que chamam progresso E é bem menor que o mínimo que eu mereço Que é para resistir que eu não obedeço Não venço mas rasgo esse rio Quem dera uma rainha para descontar nesse mal, esse mal escondido Quem nos dera hoje Nginga, oyo! Ah, quem me dera ser, quem me dera dar-te a Leba Quem dera a musa ser eu, musa de mim, usa-me sim, que esse lugar é teu É privilégio aquilo a que chamam brilhante É sempre um quase, e quase sempre um breve instante Eu canto as musas tortas que nunca merecem Nem nunca desejaram sê-lo Quem dá o dobro mas nunca perde o compasso Quem se despeja inteira num mar de cansaço É mais pesado o salto com nervos de aço E ainda assim o voo é lindo
9.
Carta a Calíope A garota não Já vai alta a hora e ainda não dormi É tanta coisa agora não quero ir por aí Eu não tenho nada a provar a ninguém Vou tão bem de escada é teu esse desdém Dou tudo que posso sou só o que consigo Morreu o que era nosso não gritas mais comigo Oh minha doce musa abre-me o caminho Que aqui quem mais abusa é quem usa o colarinho Subo aos Pirenéus pra me preparar Faço um arranha céus e planto um pomar Ah tanto trabalho a sorte me dá Alinhar a vontade à força que há Já vai alta a vida e ainda mal vivi Em contrapartida que bom chegar aqui E lutámos tanto de mãe a CEO E a dona de casa… cansaço que somou E não tenhas medo não quero o teu lugar Eu acordo cedo mas é para sonhar Minha doce musa dá-me esse recomeço Eu não estou confusa a paz não tem preço Subo aos Pirenéus pra me preparar Faço um arranha céus e planto um pomar Ah tanto trabalho a sorte me dá Alinhar a vontade à força que há

about

Lançamento a 01 Março 2023 na Lado B Records

CALÍOPE celebra a transformação do mito da musa inspiradora num novo mito - o da musa criadora, trazendo para um disco - e para o palco - nove musas, autoras e compositoras da língua portuguesa: A Garota Não, Aline Frazão, Ana Bacalhau, Elisa Rodrigues, Luísa Sobral, Joana Alegre, Joana Espadinha, Joana Machado e Marta Hugon.

Calíope - Projecto de Criação Artística e Promoção da Igualdade de Género é promovido pela Akto - Direitos Humanos e Democracia e apoiado financeiramente pela Comissão para a Cidadania e Igualdade de Género e pela Sociedade Portuguesa de Autores.
www.akto.org
www.cig.gov.pt
www.spautores.pt

credits

released March 1, 2023

Direcção Artística
Marta Hugon

Direcção Musical e Arranjos
Luís Figueiredo

Voz e composição
A garota não
Aline Frazão
Ana Bacalhau
Elisa Rodrigues
Joana Alegre
Joana Espadinha
Joana Machado
Luísa Sobral
Marta Hugon

Músicos
Diogo Duque | trompete, flauta e percussão adicional
Ana Isabel Dias | harpa
Luís Figueiredo | piano, teclados e percussão adicional
Sofia Queiroz | contrabaixo
André Sousa Machado | bateria e percussão adicional

Som | Tiago Sousa
Luz | Anabela Gaspar

Ilustração | Vera Tavares
Fotografia | Tiago Fezas Vital
Produção | Daniela Melo

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Lado B Records Portugal

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